quarta-feira, 23 de maio de 2012

Perguntas

Saiu no Boletim de Serviço (43, de 22 de maio de 2012) a estrutura de cargos e dinheiros da nova gestão. Para entender a tabela, é preciso saber que CD significa cargo de direção e que os cargos de direção são remunerados de tal maneira que CD 1 é o cargo mais bem pago (o cargo da reitora) e CD 4 é o menos bem pago (da ordem dos mil reais). FG significa função gratificada e segue a mesma lógica: FG 1 (uns 700 reais) é mais que FG 8  (menos que 50 reais).

Perguntas:
1) Por que o chefe de gabinete recebe o mesmo valor que os pró-reitores?
2) Por que a Diretoria de Educação à Distância recebe a menor de todas as gratificações?
3) Por que a PRAD e a PROPLAN contam com 3 e 4 diretorias, respectivamente, sendo que a PROGRAD e PROPESQ contam com uma, que não é paga como cargo de direção, mas função gratificada?
4) Por que a PROCEA não conta com nenhuma diretoria; e por que há somente 4 cargos na PROCEA, responsável, entre outras coisas, por assuntos estudantis?
5) Por que os chefes de departamento de Filosofia e Engenharia Civil recebem menos que os chefes do mesmo núcleo?
6) Por que os chefes de departamento de Artes e Arqueologia não recebem nada?
7) Por que no interior as diferenças de valores pagos aos que executam cargos comissionados são mais gritantes?

terça-feira, 8 de maio de 2012

Reunião dia 10, às 16h no Paulo Freire

O Fórum chama para reunião a ser realizada no auditório Paulo Freire na quinta-feira, dia 10 de maio, às 16h para discutir direções da nova reitoria.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Berenice nomeada


O site da Unir informa:
Informe sobre a Nomeação Oficial da Professora Doutora Maria Berenice Alho da Costa Tourinho como reitora da UNIR


A Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), informa à comunidade, que foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), Nª 86, Seção 02 de 04 de Maio de 2012, o Decreto Oficial que nomeia a Professora Doutora Maria Berenice Alho da Costa Tourinho como Reitora da Instituição, com mandato de 04 anos.

terça-feira, 6 de março de 2012

Reunião do Fórum

Pauta:
1. Informes;
2. Eleição no CONSUN (lista tríplice) - 15/03;
3. Apoio à posse da Reitora eleita;
4. Confraternização.

Dia: 07 de março de 2012
Local: SINDSEF
Horário: 16 h.

Compareça!

Presidente do PMDB é acusado de pagar por notícias em RO

Folha. com de 04 de março: Presidente do PMDB é acusado de pagar por notícias em RO


Promotoria acusa senador de desviar dinheiro quando era governador para dar a empresas de comunicação

Após seis anos parado, caso está pronto para ser julgado pelo STF; Valdir Raupp nega ter participado de esquema

FERNANDO MELLO
FELIPE SELIGMAN
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, é acusado de ser coautor de um esquema que, segundo o Ministério Público, desviou cerca de R$ 10,2 milhões, em valores atualizados, do governo de Rondônia para grupos de comunicação do Estado em troca de apoio político.

A Folha teve acesso às mais de 2.900 páginas do processo, que serão divulgadas a partir de hoje no projeto "Folha Transparência".

Na época das irregularidades apontadas pelo Ministério Público, Raupp era governador de Rondônia (1995-1999). Ele assumiu a direção do PMDB após a eleição de Michel Temer a vice-presidente da República, em 2010.

Raupp está no Senado há nove anos e seu atual mandato expira em 2019.

O processo foi incluído na semana passada na pauta do Supremo Tribunal Federal. Cabe ao presidente do Supremo, Cezar Peluso, a decisão de colocá-lo em julgamento.

Raupp foi condenado em 2002, pela 1ª Vara Criminal de Porto Velho (RO), a seis anos de prisão. Por conta de sua eleição ao Senado naquele ano, o caso foi paralisado e enviado para o STF. A corte precisa confirmar ou não a decisão da primeira instância.

Os documentos do processo revelam que há quase seis anos a Procuradoria-Geral da República pede a confirmação da decisão de Porto Velho.

Na denúncia protocolada na Justiça, os promotores afirmaram que Raupp foi pressionado por "setores da mídia local, que lhe exigiam o pagamento de valores com agrado, para que a imprensa tratasse com benevolência a sua administração".

ACUSAÇÃO

De acordo com os promotores, a Ceron (central elétrica de Rondônia) e Raupp acertaram que o governo pagaria R$ 5 milhões à central. No mesmo dia, a verba foi liberada para uma conta bancária da Nortebrás Comércio.

O Ministério Público diz que era uma "empresa fictícia", em nome de sobrinhos do empresário Mário Calixto Filho, dono de uma rede de comunicação no Estado. Procurado, ele não foi localizado pela Folha.

A Nortebrás, então, repassou os valores por meio de 52 cheques a empresas de comunicação de Rondônia.

Em dezembro de 1996, a operação se repetiu, segundo a acusação. O governo liberou mais R$ 5,2 milhões e o dinheiro acabou na conta da Nortebrás, que emitiu 41 cheques, e um deles favoreceu a mulher de Calixto.

Segundo a Procuradoria, a autorização dada por Raupp é prova "para caracterizar o nexo causal e o dolo com que agiu o acusado".

Fonte: Folha.com

domingo, 4 de março de 2012

MENSAGEM DE AGRADECIMENTO À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA E À SOCIEDADE RONDONIENSE

A vitória na consulta à comunidade no dia 1º de março para escolha da nova reitoria da UNIR não foi minha, foi nossa. Recebemos a maioria dos votos dos professores, técnicos e estudantes com humildade porque, ao mesmo tempo em que nos legitima, aumenta a nossa responsabilidade para enfrentar e resolver os enormes desafios que temos pela frente nos próximos quatro anos.

Ainda restam procedimentos administrativos a serem cumpridos, mas esperamos com tranquilidade que a Excelentíssima Presidenta da República acate a vontade da comunidade universitária. Não nos passa despercebida a coincidência de a primeira Reitora da UNIR ser nomeada pela primeira presidenta do Brasil, situação impensável há apenas alguns anos.

Queremos agradecer a cada um dos eleitores que depositou sua confiança em nós. Encerrada a eleição, não importa mais o modo como cada um votou. Importa que todos expressaram de modo livre e soberano a sua escolha. A nossa vitória significa que nossas propostas foram acatadas pela comunidade e serão implementadas.

Não há derrotados em uma eleição universitária. Temos todos a mesma missão e o mesmo propósito: servir à sociedade rondoniense. Aos meus adversários momentâneos estendo meus agradecimentos e os convido a compartilhar da reconstrução e consolidação da UNIR.

Agradecemos à maravilhosa equipe de campanha que sacrificou seu tempo e dedicou seus talentos à construção de um novo caminho para a nossa Universidade. Cada um de vocês, tantos e tantos que não podemos nomear sob pena de cometer injustiças, foram fundamentais para a aceitação do nosso nome.

A Comissão Eleitoral merece igualmente nossos agradecimentos. O clima de tranquilidade e a ausência de qualquer incidente demonstram o acerto das decisões e o empenho na organização do pleito.

Nossos agradecimentos ultrapassam o âmbito da UNIR. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foi sensível aos apelos da universidade, oferecendo seu moderno e confiável sistema de votação eletrônica. A Polícia Militar (PM-RO) propiciou a logística necessária para plena segurança no transporte e guarda das urnas.

Aos diferentes segmentos da sociedade civil organizada: sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais que manifestaram seu apoio ao nosso nome devemos um agradecimento especial. A UNIR não pode mais viver isolada em seus muros, mas deve dialogar com as diferentes vozes da sociedade.

Por fim, mas não menos importante, queremos agradecer ao Fórum Permanente em Defesa da UNIR que referendou nosso nome como seu representante na eleição. A nossa vitória é resultado da nossa luta, da nossa organização.



Porto Velho, 03/03/12

Profª. Drª. Berenice Tourinho

Reitora Eleita da UNIR

sábado, 3 de março de 2012

Resultado oficial

Comissão eleitoral confirma eleição de Berenice Tourinho para reitora da UNIR

A Comissão Especial de Consulta Eleitoral para Reitor da UNIR 2012/2016, determinada pelo Ato Decisório 70/CONSUN, reunida no auditório da UNIR Centro, em Porto Velho (03/3), depois de apurar as urnas dos oito campi (Porto Velho, Guajará-Mirim, Ariquemes, Ji-Paraná, Presidente Médici, Rolim de Moura, Cacoal e Vilhena), totalizou a votação com o seguinte resultado:





CANDIDATO
PROF. DO
QUADRO
PROF. EXTRA
QUADRO
TÉCNICO
ACADÊMICO
PERCENTUAL
BERENICE TOURINHO
243
26
95
1532
50,00
ENE GLÓRIA
148
20
70
272
27,51
MARIA CRISTINA
49
1
57
364
12,49
JÚLIO ROCHA
28
6
9
273
6,42
JÚLIO MILITÃO
20
0
9
48
3,57
TOTAL
488
53
240
2489
100,00

O professor Ene Glória, que ficou em 2ª lugar na consulta eleitoral, em carta encaminhada aos professores, reconhece o resultado das urnas como uma manifestação democrática da comunidade acadêmica, ao dizer: “quero parabenizar a professora doutora Berenice Tourinho pela vitória e manifestar toda a minha solidariedade e empenho para que possa fazer um excelente reitorado”, acrescentando “a professora Berenice Tourinho tem a capacidade para exercer o cargo com brilhantismo”.

A professora Maria Cristina, vice-reitora no exercício da reitoria, e que também concorreu à consulta, ficando na terceira colocação, afirmou: “a vitória da professora Berenice Tourinho é inquestionável, pois reflete o desejo da comunidade universitária, o que deve ser respeitado”.

O professor Júlio Rocha, candidato que ficou em 4ª lugar na consulta, diante da comissão eleitoral, manifestou-se: “eu apoio a vitória da professora Berenice, reconhecendo isso ainda antes do fechamento da contabilidade final dos votos. É importante o reequilíbrio e harmonização institucional da nossa Universidade”.

Professor Júlio Militão, candidato que ficou em quinto e último lugar, diante do resultado extraoficial, telefonou para a professora Berenice Tourinho e expressou o seu reconhecimento à vitória expressiva da candidata na consulta.

A professora Berenice Tourinho, ao comentar os votos recebidos, agradeceu o apoio da comunidade universitária, dos movimentos sociais, dos partidos políticos e das demais pessoas que expressaram o desejo de mudanças na UNIR, dizendo: “essa vitória é a vitória do conjunto dos docentes, discentes e técnicos-administrativos que acreditou em uma proposta coletiva desde o movimento da greve, portanto é o resultado de um processo que começou em 14 de setembro de 2011 com a deflagração da greve”.

Encerrada a apuração, o professor Gerson Flores, presidente da Comissão eleitoral, ao divulgar o resultado, informou que os procedimentos eleitorais transcorreram de forma normal e que agora o processo será encaminhado para a secretaria dos Conselhos Superiores; e destacou: “é a primeira vez que a UNIR elege uma mulher como reitora, o que representa um marco histórico na nossa Universidade e também é a primeira vez que o procedimento eleitoral ocorre por meio de urna eletrônica”. Acrescenta: “aproveito para agradecer o apoio do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RO) e o Comando da Polícia Militar (PM-RO) na pessoa do Cel. Paulo Cezar de Figueiredo” e encerra parabenizando e desejando boa sorte à nova gestão.

Conforme o Decreto nº 1.916, de 23 de maio de 1996, o resultado do processo de consulta será encaminhado para o Conselho Universitário (CONSUN), que se reunirá no dia 15 deste mês, para formalização da lista tríplice a ser encaminhada para o Ministério da Educação (MEC) para apreciação. Em seguida, a lista tríplice apreciada pelo MEC será encaminhada à presidenta Dilma Rousseff, que nomeará a nova reitora.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Resultado extraoficial

 

Este é apenas o resultado preliminar da consulta à comunidade acadêmica. Os votos do campus de Presidente Médici não estão computados aqui, nem os votos em papel. Durante a votação, aconteceu de algumas pessoas não estarem cadastradas no seu ponto de votação (seja por qual motivo for). Essas pessoas votaram em papel. Estes votos serão apurados amanhã, a partir das 9h na Unir-Centro. Todos estão convidados a comparecer na apuração de amanhã.

Observando os números, pode-se notar que Berenice teria sido eleita pela comunidade se o voto fosse paritário (33%, 33%, 33%) ou universal. Apesar de muitos estudantes não terem votado, demonstraram sua força nas urnas.

A lista tríplice será composta no colégio eleitoral, ou seja, no Conselho Universitário (CONSUN), que ocorrerá no dia 15 de março e posteriormente será encaminhada ao Ministério da Educação (MEC) para nomeação do primeiro da lista. É praxe na Unir que a lista tríplice seja elaborada pela equipe daquele que foi mais votado na consulta à comunidade acadêmica.

A Professora Berenice Tourinho agradeceu à equipe de professores, técnicos, estudantes e demais colaboradores que contribuíram para que mais esta vitória fosse possível e, assim, avançamos mais um passo – um imenso passo – em direção à construção da Democracia na Universidade.

P.S.: Há algo de errado na contagem de extra-quadro e de técnicos, pois a UNIR não conta com tantos.

Sobre a capacidade de se surpreender e superar

Há um ano vim trabalhar na Universidade Federal de Rondônia-UNIR - ou o que sobrou dela. Espantei-me com o que vi quando aqui cheguei. Surpreendeu-me o estado de coisas, o abandono, a ausência de tudo, desde o básico até a dignidade de professores, estudantes e técnicos, os quais eu encontrava pelos corredores escuros e mofados ou pelos caminhos enlameados e tomados pelo mato do campus de Porto Velho.
De fato, fui tomado por aquele sentimento com o qual uma das mais importantes “teóricas políticas” (como ela gostava de se intitular) do século XX, Hannah Arendt, descreveu como sendo a “capacidade humana de se surpreender com as coisas”. E desde então surpresas não me faltaram.  Surpresa com a apatia, com as atitudes, com a fala de alguns. Concordo com Arendt quando ela defendia esta necessária atitude de se surpreender e reagir. Pois caso contrário, passa-se a achar que tudo é “natural”, banaliza-se o que deveria ser combatido. Tornam-se atitudes banais: o abandono, a corrupção, a má gestão, a mediocridade, a hipocrisia.
“Naturaliza-se” o fato da única universidade pública do Estado, que conta 30 anos de existência, que tem cerca de 9 mil estudantes, ter apenas 576 professores,  ter apenas 287 técnicos. Torna-se banal uma Universidade Federal que tem 56 cursos, 7 pós-graduações e 8 campi não ter banheiros funcionando, não ter bibliotecas adequadas, não ter Restaurante Universitário, não ter salas de aulas, não ter laboratórios, não ter Hospital Universitário, não ter Colégio de Aplicação, não ter gestão.
Eis que ouço um grito. Espanto, indignação, revolta. Uma greve, professores. Estudantes, ocupação. Um basta. Uma renúncia. Um Fórum, mais surpresas, espantos. Uma campanha, uma luta, interior, mais surpresas, revolta, discussões, palavras e agora números, votos.

Hannah Arendt tinha razão: devemos manter a capacidade de nos surpreender sempre com tudo aquilo que não é “natural”, com tudo aquilo que não é digno do ser humano. Com tudo aquilo que não representa uma comunidade, um coletivo, uma Universidade. Avante todos aqueles que lutaram durante a greve, avante a todos aqueles que acreditam no coletivo, neste Fórum Permanente em Defesa da UNIR e na força que, se nos UNIRmos, teremos!  
Vamos unir a UNIR, vamos reconstruir a UNIR vamos consolidar a UNIR.

Marcelo Sabino - Professor de História - UNIR

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Um novo caminho para Unir e um novo caminho para a Amazônia

A Amazônia paga o maior preço pela entronização de um modelo de desenvolvimento centrado na extração e no processamento básico de recursos naturais, alimentando extensiva e intensivamente sua fornalha. O desmonte do licenciamento ambiental e do código florestal, além de medidas de regularização da grilagem e o subsequente sucateamento dos órgãos de controle e fiscalização têm por objeto a abertura ilimitada da fronteira de acumulação na Amazônia. Que significado tem uma política de portas abertas para o agronegócio, para a mineração e o setor energético em toda a região amazônica, sem o amadurecimento de salvaguardas e condicionantes sociais e ambientais?

Não se trata, portanto, de um processo de modernização em geral, é sim um particular processo de expropriação e de apropriação em larga escala conduzido de forma centralizada para servir a um modelo de destruição e decomposição da biodiversidade e sociodiversidade amazônicas. As chamadas “limpezas de área”, antes promovidas pelo coronelismo, se tornaram política de Estado na Amazônia.

A descaracterização da Amazônia e sua conversão em acervo, estoque de matérias primas e de energia, tem no Estado de Rondônia um pólo avançado de consolidação. Ponta-de-lança que foi dos famigerados programas de colonização e de incentivos fiscais nos anos 70 e 80, o Estado de Rondônia tornou-se palco para o relançamento dos grandes projetos de infra-estrutura na região. As usinas hidrelétricas instaladas no rio Madeira a partir de um licenciamento rebaixado, desconsiderando pendências técnicas estruturais e os interesses da população local, foram uma demonstração do método brutal de capitalização e apropriação territorial que seria depois aplicado em toda a Amazônia.

A Universidade Federal de Rondônia deveria ter um papel destacado no processo de revisão e avaliação desses processos desterritorializantes. E mais que isso, deveria reunir competência e quadros para assinalar outros cenários de dinamismo econômico e de diálogo social, resgatando e revitalizando fórmulas e experiências derivadas da singular trajetória da população do Estado. Nossa Universidade para tanto deveria ter suas prioridades de pesquisa elencadas a partir de um diálogo continuado entre a comunidade universitária e as organizações representativas da sociedade.

Ao contrário disso, o que se viu, em especial na suas últimas gestões, foi a fragmentação contínua dos escassos centros de pesquisa existentes e depois sua funcionalização nos marcos das agendas de instituições financiadoras, notadamente as mesmas grandes empresas impulsionadoras da devastação ambiental e da desestruturação dos modos de vida das comunidades tradicionais.

Afora isso, a captação de recursos e a execução orçamentária seguiu uma lógica canibalística com vistas a atender interesses particularistas, ao invés de estar a serviço de uma política articulada de ensino, pesquisa e extensão coerente com a necessidade de contrabalançar a dinâmica caótica de incorporação econômica do Estado e da região aos grandes negócios. A UNIR, nesses últimos anos, antes reproduziu as piores práticas inscritas na formação histórica do Estado, reproduzindo e multiplicando espaços de clientelismo, corrupção e privatismo. Autonomia universitária desperdiçada e leiloada. Esperamos que a partir das eleições no dia 01 de março possamos vislumbrar um novo rumo.



Prof. Luis Fernando Novoa Garzon
Departamento de Ciências Sociais da UNIR
Doutorando  IPPUR-UFRJ

domingo, 26 de fevereiro de 2012

“Sobre História” e estórias.

Por: Marcelo Sabino
Professor de História Contemporânea - UNIR
O título acima foi tomado, em parte, de empréstimo de uma das mais significativas obras do historiador Eric Hobsbawm (1998, p. 47). Neste livro, o autor assim se refere sobre a tarefa do historiador e sobre a História:
“Admito que, na prática, a maior parte do que a história pode nos dizer sobre as sociedades contemporâneas baseia-se em uma combinação entre experiência histórica e perspectiva histórica. É tarefa dos historiadores saber consideravelmente mais sobre o passado do que as outras pessoas, e não podem ser bons historiadores a menos que tenham aprendido, com ou sem teoria, a reconhecer semelhanças e diferenças”.
Embora seja eu apenas um professor de História e aprendiz de historiador, com graduação em História e mestrado nesta mesma área do conhecimento humano, penso saber minimamente reconhecer semelhanças e diferenças além de saber sobre o passado - de forma acanhada, mas um pouco mais do que aqueles que possuem formação em outras áreas do conhecimento. Ainda é dessa pequena condição de aprendiz de Historiador que discordo com o argumento de Hobsbawm de que o historiador deva, “com ou sem teoria”, saber reconhecer semelhanças e diferenças. Deve ter ele (o historiador ou aprendiz) o conhecimento mínimo da teoria sim, pois só assim estará apto a fazer uma crítica qualificada sobre a História.
Assim não posso furtar-me de opinar e fazer críticas, perguntas e recomendações teóricas para os administradores e colaboradores de um site intitulado documentariounir.com.br que há algum tempo vem tentando fazer a “verdadeira história da UNIR”; mais especificamente sobre o uso indefinido e inapropriado que os administradores e colaboradores deste site estão a fazer desta importante e muito cara área do conhecimento intitulada História. 
Pergunto: Quem é o historiador responsável por este site? Se é que existe algum. Se existe, fico decepcionado e coloco seu conhecimento sobre o fazer histórico em cheque e me ponho à disposição para discutir a historiografia da História com ele.
Há muito tempo, desde o século XIX, para ser mais preciso, não se escreve História com base somente em documentos oficiais, com uma linha do tempo, com herois e de forma tão tendenciosa quanto o que vi e li neste pretensioso e duvidoso site chamado documentariounir.com.br. 
Leopoldo Von Hanke, historiador do século XIX, foi um dos historiadores responsáveis por uma forma de fazer História, chamada posteriormente de positivista. Apostou e investiu numa escrita da História comprometida com herois, datas e o fortalecimento e consolidação do Estado-nação. É deste período o fortalecimento e o surgimento, propriamente dito da História como uma disciplina. Percebo a semelhança dessa forma (já ultrapassada) de escrever a História, nas linhas “tortas” deste sítio eletrônico.
Constam ali anos aleatórios, parte de documentos oficiais, parte de uma História da Universidade Federal de Rondônia. Uma escrita tendenciosa, comprometida com qualquer outra coisa, menos a boa e sadia tarefa do historiador que é mostrar possibilidades, relações e críticas sobre o passado, suas semelhanças e diferenças com o presente e a necessária crítica qualificada, como nos lembra Hobsbawm (1998).
A forma como está disposta a “verdade” sobre o passado e a “história da UNIR" neste site é muito semelhante ao modo comprometido da História Positivista. A História hankiana estava comprometida com a formação de um Estado Nacional, uma história tendenciosa que considerava apenas os documentos oficiais (aqueles produzidos por um aparato burocrático) como fonte máxima e única portadora da “verdade”. Assim eu pergunto: com quem está comprometido este site? Quais os interesses que ele esconde? Por que somente agora, às vésperas de um processo de escolha de novo Reitor ele se mostra?
Por muito tempo, países utilizaram-se desse expediente para propagar a sua “verdade”, para a consolidação e, em alguns casos, a construção de uma História Nacional que interessava a um determinado grupo, seja para garantir a hegemonia de uma determinada classe ou segmento social, seja para difundir suas nada amistosas “verdades”. Percebo semelhanças dessa forma ultrapassada de escrever História com a forma apresentada por este infeliz site.
Poucos - e eu arriscaria que nenhum - historiadores profissionais capacitados, que frequentaram curso de graduação, mestrado e doutorado nesta importante área do conhecimento humano se arvoram em defender uma História hankiana e positivista portadora da “verdade” sobre o passado (e o presente), pautada numa linha reta do tempo, com datas definidas de forma aleatória, com herois salvadores da pátria, com inimigos do Estado. E mais: com fontes que curiosamente foram produzidas por um braço da burocracia deste mesmo Estado.
Escrever, pesquisar e fazer história assim é no mínimo temerário e pouco, muito pouco responsável. É escrever estórias. Não estou aqui a colocar todo o conhecimento produzido no século XIX no lixo. Saibamos, e para isso serve a História feita com responsabilidade e com método, que  este método serviu a um propósito e que era o conhecimento feito no século citado e que, portanto, merece nosso respeito. Não se pode dizer o mesmo da forma como se apresenta este site-documentário.
Estou a escrever tudo isso porque sou historiador, com leituras, pesquisas e conhecimentos mínimos sobre a História - mas capazes de reconhecer uma História escrita nos moldes do século XIX. É contra essa prática que segue minha crítica e desabafo.
 Estamos no século XXI e há muito esta Ciência Humana, a História, recebeu novas versões, sofreu contribuições, tenta recuperar-se da mácula de sua origem vinculada ao Estado-nação autoritário e tendencioso. Muitos foram os estudiosos que dedicaram vidas e esforços para tornar a História uma área do conhecimento mais humana, mais responsável, livre de amarras e interesses outros que não o compromisso com o saber e o livre exercício da razão e da crítica qualificada sobre a sociedade contemporânea. Não o passado pelo passado, sem métodos, sem compromissos com a sociedade, com a crítica, com a razão. Neste sentido, escreve LE GOFF (2003, p. 25):
O passado é uma construção e uma reinterpretação constante e tem um futuro que é parte integrante e significativa da história. Isto é verdadeiro em dois sentidos. Primeiro, porque o progresso dos métodos e das técnicas permite pensar que uma parte importante dos documentos do passado esteja ainda por se descobrir.
Há que se reconhecer as diferenças. Há que se reconhecer os novos métodos e técnicas do fazer histórico, para isso estamos a estudar e a pesquisar sobre a História. Por favor respeite-nos, por favor não se aventure a fazer aquilo que outros profissionais estão há anos estudando e para o que estão aptos. Acaso você aceitaria ser operado por algum outro profissional que não um médico habilitado para tal cirurgia? Por favor, não estou a dizer que não deva estudar sobre o passado, mas se pretende dar visibilidade a esse estudo, que o faça com responsabilidade, que consulte um historiador, que se atualize, que leia, que pesquise, que saiba que existem métodos e técnicas atualizadas para o “fazer Histórico”.
Temos, hoje, por exemplo, o advento da Nova História que, além dos documentos oficiais trabalha com a oralidade, com testemunhos, com documentos produzidos por pessoas comuns, cartas, agendas, objetos, obras, construções. Tudo de modo a permitir “ouvir” todas as partes envolvidas nos fatos e objetos estudados. Não apenas partes, frações descontextualizadas, inacabadas, arrazoadas e colocadas como única verdade.  
Desculpem-me, mas arvorar-se no direito de fazer uma pretensa “verdadeira” história da Universidade Federal de Rondônia por meio de um site cuja fonte máxima parecem ser tão somente partes de documentos oficiais é no mínimo constrangedor, para não dizer desrespeitoso com todos aqueles que estudam e pesquisam sobre História. E ao dar visibilidade colocando-o num site de acesso público, seus administradores devem aceitar críticas e sugestões, que é o que estou a fazer.
Assim eu peço, por favor, mais respeito com tão cara e importante área do conhecimento como o é a História. E não estou aqui a impedir que se critique ou a negar a participação de todos no “fazer histórico”. Ocorre que estamos numa Academia em que o mínimo que se exige é respeito com a área de conhecimento alheio.
Por favor, ao utilizarem da História, o façam com responsabilidade e tenham a decência e o caráter de ao menos consultar os profissionais desta área de que dispõe a própria UNIR. Tenham o mínimo de espírito acadêmico para mostrar e indicar onde estão as fontes, quais os métodos utilizados.
Fico triste e de fato muito, mais muito aborrecido quando qualquer um se arvora na intenção de fazer uma “verdadeira História”, seja da UNIR, seja do que for. Especialmente quando este alguém sequer frequentou uma disciplina acadêmica que o habilite minimamente para tal, ou ao menos o atualize sobre o fazer História, pois se assim fosse, não seriam cometidos tantos equívocos teóricos e metodológicos como os que são percebidos no malfadado documentáriounir.com.br.
Desculpem-me o tom deste desabafo, mas não consegui calar-me diante da pretensão tosca de fazer da História, tudo aquilo que há séculos muitos estudiosos desta área tentaram desconstruir.
Há muito sabemos que “verdades” são construídas. Há muito sabemos (estudiosos da História) que foram trocados os artigos definidos o e a pelos indefinidos um e uma pois que o que se oferece, o que o historiador comprometido com o método, comprometido com a Academia, com o saber e a Ciência História sabe que se oferece, é que não é possível chegar na “verdade”. A História, tal como ela aconteceu de fato, é inatingível, não há resgates em História: há conjecturas, há interpretações. Há leituras possíveis, há possibilidades, há caminhos. São apenas possíveis interpretações com base em métodos e teorias. Assim pergunto: Acaso leram os documentos oficiais e os processos citados no site até o fim? Acaso fizeram as necessárias consultas a outras fontes como bibliografias, testemunhos (quando possível)? Qual o método histórico utilizado neste site?
 Ao que parece, é o método positivista, de Hanke. Informo-lhes que este método há muito foi abandonado (ao final segue uma pequena bibliografia para, se acaso quiserem, ler para fazer de forma mínima uma História da UNIR menos positivista e menos tendenciosa), mais atual e próxima do que os historiadores vêm fazendo, pesquisando e estudando.
Por favor, respeito. Por favor, não façam troça com a História. Por favor, refiram-se a ela com no mínimo um pouco de dignidade e humildade. Por favor, não ofendam os olhos e a inteligência daqueles que estudam e levam a História a sério. Por favor, não brinquem com tão importante área do conhecimento como acredito e defendo ser a História. Por favor respeitem a História e não façam dela apenas estória.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTAS:
BRAUDEL, Fernand. (2009). Escritos sobre a história. São Paulo: Perspectiva.
BURKE, Peter. (2002). História e teoria social. São Paulo: Editora da UNESP.
___________. (1992). A Escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora da UNESP.
CARDOSO, Ciro F. (2002). Os Métodos da história. Rio de Janeiro: Graal.
HOBSBAWM, Eric. (1998). Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras.
LE GOFF, Jacques. (2003). História e Memória. Campinas/SP: Editora da UNICAMP.
LE GOFF, J. CHARTIER,R. e REVEL, J. (Orgs.).(2005).  A História nova. São Paulo: Martins Fontes.
MALERBA, Jurandir (Org.).(2010). Lições de história: o caminho da ciência ao longo do século XIX. Rio de Janeiro: FGV e EdiPUCRS.