Na metade do século XIX, aproximadamente, complexos de normas e ações, a princípio ditadas pelo soberano, passam a ter “valor de Lei”. Séculos depois estas normas e ações, agora discutidas em assembleias, serão renomeadas de burocracia. A burocracia será utilizada como um dos maiores entraves (e desculpa) para impedir o livre exercício da Democracia, da boa política feita de discussões em fóruns abertos, e do respeito ao coletivo e às normas por ele estabelecidas.
A burocracia (ou o governo do bureau) será colocada e construída como anteparo entre a norma e aquele que toma a decisão, entre o representante e seus representados, entre a democracia e o que Giorgio Agamben (1942), em livro intitulado Estado de exceção chamará de “ditadura comissária”.
O governo do bureau será utilizado para justificar a sempre ausência daquele/a que decide, daquele/a que está atrás da mesa, daquele/a que possui “o poder da caneta”. Uma vez eleito/a para representar uma parcela da sociedade, ele (ou ela) isola-se em sua sala e passa a fazer valer a norma por meio de decisões solitárias e pautadas, por vezes, no seu “foro íntimo”.
Mas não foi ele/a eleito/a por um coletivo para uma determinada função? Como pode ele/a, por sua livre decisão, abdicar dessa função para concorrer a outra sem findado o prazo? Como então continuar a decidir e normatizar sobre o governo daqueles seus representados ou não passa a ser uma questão pessoal? Acaso a eleição de seu nome para exercer um cargo forneceu-lhe amplos poderes de decisão? Acaso não existem normas que estabeleceram um prazo a ser cumprido, ou como devam ser tomadas as decisões?
Tais indagações podem encontrar possíveis respostas na já citada obra Estado de exceção do filósofo italiano. Para Agamben, a “ditatura comissária”, por meio da urgência e do sempre inadiável governo do bureau, funciona numa região de livre manobra, na medida em que “suspende de modo concreto a constituição (ou a norma) para defender sua existência”. Uma espécie de limbo legal, em que o que importa é “apagar incêndios”, não o exercício de governar para o bem de uma coletividade.
Dessa forma, sempre absorto nos inadiáveis compromissos, nas solitárias decisões, nos inúmeros e intermináveis processos e pápeis, o/a gestor/a, legitimamente e democraticamente eleito/a, passa a decidir de forma ditatorial, por sua livre e espontânea vontade. O ato de ouvir e consultar aqueles pelos quais e para os quais foi escolhido/a para então decidir deixa de ser a norma e passa a ser exceção. Instala-se uma forma sutil (e legal) de governar de forma burocrática e soberana o que deveria ser uma gestão democrática e coletiva.
Marcelo Sabino
Professor de História - UNIR
A burocracia (ou o governo do bureau) será colocada e construída como anteparo entre a norma e aquele que toma a decisão, entre o representante e seus representados, entre a democracia e o que Giorgio Agamben (1942), em livro intitulado Estado de exceção chamará de “ditadura comissária”.
O governo do bureau será utilizado para justificar a sempre ausência daquele/a que decide, daquele/a que está atrás da mesa, daquele/a que possui “o poder da caneta”. Uma vez eleito/a para representar uma parcela da sociedade, ele (ou ela) isola-se em sua sala e passa a fazer valer a norma por meio de decisões solitárias e pautadas, por vezes, no seu “foro íntimo”.
Mas não foi ele/a eleito/a por um coletivo para uma determinada função? Como pode ele/a, por sua livre decisão, abdicar dessa função para concorrer a outra sem findado o prazo? Como então continuar a decidir e normatizar sobre o governo daqueles seus representados ou não passa a ser uma questão pessoal? Acaso a eleição de seu nome para exercer um cargo forneceu-lhe amplos poderes de decisão? Acaso não existem normas que estabeleceram um prazo a ser cumprido, ou como devam ser tomadas as decisões?
Tais indagações podem encontrar possíveis respostas na já citada obra Estado de exceção do filósofo italiano. Para Agamben, a “ditatura comissária”, por meio da urgência e do sempre inadiável governo do bureau, funciona numa região de livre manobra, na medida em que “suspende de modo concreto a constituição (ou a norma) para defender sua existência”. Uma espécie de limbo legal, em que o que importa é “apagar incêndios”, não o exercício de governar para o bem de uma coletividade.
Dessa forma, sempre absorto nos inadiáveis compromissos, nas solitárias decisões, nos inúmeros e intermináveis processos e pápeis, o/a gestor/a, legitimamente e democraticamente eleito/a, passa a decidir de forma ditatorial, por sua livre e espontânea vontade. O ato de ouvir e consultar aqueles pelos quais e para os quais foi escolhido/a para então decidir deixa de ser a norma e passa a ser exceção. Instala-se uma forma sutil (e legal) de governar de forma burocrática e soberana o que deveria ser uma gestão democrática e coletiva.
Marcelo Sabino
Professor de História - UNIR
5 comentários:
SÁBIAS PALAVRAS, OU SERÁ SÓ PALAVRAS DIFÍCEIS, QUE UMA MINORIA HIPÓCRITA ENTENDE?
A DURA REALIDADE BRASILEIRA É ESTA MESMO, QUEM ESTÁ COM A CANETA NA MÃO FAZ O QUE BEM ENTENDE. OU SERÁ QUE NÃO LEMBRAS QUE A MENOS DE DOIS MESES A SOLUÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTAVA NAS MÃOS DESTA DE QUEM VOCE ESTA FALANDO AGORA. MAS QUE ESTÁ COM A RAZÃO, TODOS TEMOS INTERESSE PESSOAIS ACIMA DO COLETIVO:
1- A COMEÇAR POR MIM QUE TENHO QUE ESCREVER ANONIMAMENTE PARA NÃO SER TELIADO
2- O AUTOR DO TEXTO QUE NAO ESCREVEU DIRETAMENTO PARA SE RESGUARDAR
3- E O AUTOR DO BLOG QUE POSSIVELMENTE NAO APROVARÁ MEU COMENTARIO PARA NAO LHE SAIR DO CONTROLE "O" FÓRUM DA UNIR.
ATT. EGOISTA BRASILEIRO
Certamente, o que há de lamentável no comentário de "Egoista brasileiro" não é seu anonimato, mas o teor conformista de sua interpretação política. Sim, vivemos tempos duros e há bastante hipocrisia ao nosso redor, mas não creio que seja o momento de desistirmos de ações solidárias e das tentativas de gestão participativa. Nesse sentido, o fórum ganha força e legitimidade dia após dia e constroi uma história de resistência e inteligência política. É isso que eu defendo agora: solidariedade, resistência e inteligência política na partilha (com participação) dos bens públicos. Temos, de fato, uma chance de fazermos uma nova UNIR, mesmo em tempos tão duros.
A Maria Cristina está cercada de pessoas desonestas, verdadeiros crápulas que se aproximaram dela propondo ajuda e se apoderaram da gestão, manipulando-a. Além do grupo do PMDB que a enquadrou a ser candidata à reitora com o objetivo de manter seus privilégios econômicos dentro da UNIR, há ainda um bando de professores incompetentes, desesperados em busca de cargos, dentre eles os transferidos de Rolim para PVH por negociata que só eles sabem. Vamos abrir nossos olhos, a Cristina está cercada e dominada por crápulas piores que o Januário. É uma pena... A Cristina está jogando sua história no lixo. Deixou de ser a querida vice reitora para ser marionete do PMDB e do grupo do Januário.
Podes crê palavras que diz exatamente a forma de governar neste país burocrática. Temos que nos organizar e mudar essa forma de governo. A burocracia só traz atraso: é só ver a nossa cidade com suas obras mal acabadas e população continua no tempo da DITADURA falando de lado e olhando pro chão. Teremos que acordar e nos organizar nos movimentos sociais, sindicatos e exige o que realmente faça valer nossa vez e a DEMOCRACIA de verdade.
Cicero Batista
HISTÓRIA
NÃO ACHO QUE SEJAM PALAVRAS DIFÍCEIS, NEM COMPLICADAS DEMAIS, NEM QUE SO UMA ELITE HIPÓCRITA ENTENDA. O TEXTO SUGERE QUE SEJAMOS ATIVOS, QUE DEVEMOS PARTICIPAR DAS DECISÕES POLÍTICAS, FURANDO O BLOQUEIO CRIADO PELA BUROCRACIA. ELE CHAMA A ATENÇÃO PARA A AUSENCIA DE FISCALIZAÇÃO POR PARTE DOS ELEITORES. PARA O ATO DE DEMOCRACIA QUE NÃO É SÓ VOTAR, MAS PARTICIPAR DAS DECISÕES TOMADAS POR AQUELE QUE SE ESCOLHEU PARA NOS REPRESENTAR.
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