Por prof. Edilson Lôbo
A Universidade Federal de Rondônia está vivenciando um momento ímpar da sua história. É a primeira vez que tem um nome para concorrer ao posto maior da sua direção, fruto de uma ampla discussão, onde estão presentes professores, técnicos e alunos. Quem a legitimou foi o Fórum que congrega pessoas desses três segmentos. Uma instância aberta, democrática e que possibilita a todos quantos dele queiram participar a mesma condição de igualdade nas decisões. Certamente, como todo movimento que congrega pessoas de visões diferentes, em algum momento, pululam espasmos de tensões, nem sempre desejáveis. Ainda não aprendemos a viver em ambiente tensionado... No dizer de Bernard Charlot, "...o sujeito é tensão. Não se produz eletricidade, vida e energia sem tensão... não se produz história e nem humanidade sem tensões."
Em que pese a inevitabilidade do conflito, já que imanente à pluralidade de pensamentos dos que compõem o Fórum, é salutar para o fortalecimento e amadurecimento do grupo, posto que evidencia as divergências existentes. Mais que isso, enseja o debate para aprofundar as questões dissonantes, se não para superá-las na sua totalidade, pelo menos dirimi-las de tal sorte a torná-las mais palatáveis ao coletivo que congrega o Fórum. Qual o resultado palpável desse acúmulo de discussão? Invariavelmente um processo natural de filtragem entre os que realmente desejam construir uma Universidade diferenciada, abrindo mão dos seus projetos individuais, em prol de uma decisão mais coletiva. Entendo que não é tarefa das mais fáceis. Permito-me, sem muito rigor na análise, elencar alguns aspectos, que do meu ponto de vista, podem dificultar uma maior aceitação por parte da comunidade acadêmica, a legitimidade do Fórum. Primeiro, pelo não exercício dessa prática, ao menos com essa abrangência e alcance. Segundo, pela desconfiança que as pessoas guardam, em relação às tomadas de decisões coletivas nessa Instituição de Ensino, que não sejam para beneficiar determinados interesses, quer sejam de pessoas ou grupos bem determinados. Terceiro, as pessoas que por algum motivo, não tiveram nenhuma participação no Fórum, principalmente os colegas que estão nos CAMPI do interior, não se sentem legitimamente nele representados. Quarto, as vaidades personalísticas de quem sempre quis estar protagonizando determinados embates no interior da nossa universidade, ao não se sentirem contemplados em seus projetos pessoais, encontram justificativas para deslegitimar o Fórum. Quinto, os nossos naturais adversários, que não querem nenhuma mudança no atual status quo, para continuarem se beneficiando e usando as mesmas práticas clientelistas, eleitoreiras, negociando favores, em troca de interesses pessoais. Por último, como decorrência das demais, a Universidade é por excelência, o espaço privilegiado para o antagonismo, e como tal, é justo que ela esteja aberta de forma livre e democrática para acolher as várias visões de Universidade que se quer.
Acredito, que no momento presente, considerando que o Fórum abriga no seu interior a candidatura da prof. Berenice Tourinho, fruto de uma exaustiva discussão, e de uma disputa extremamente salutar, pois democrática em toda sua extensão, possui total legitimidade para ajudar a construir um projeto de Universidade que contemple o anseio de todos.
Existe um elo comum que nos une. Se na greve, foi a saída de um Reitor não comprometido com a lisura e o respeito aos princípios básicos de gestão, no Fórum, a edificação de um projeto que estabeleça uma ruptura com um ciclo de desmandos, que erodiu todos os pilares das estruturas da nossa Instituição. No médio e longo prazo, responde de forma concreta aos desafios colocados para uma Universidade do nosso tempo. Naturalmente isso requer compromisso, participação e acima de tudo, unidade na adversidade. Aos poucos as coisas começam a fluir com mais clareza. Vai tomando corpo, forma e identidade. Quem apostava nas fraturas do Fórum, por não acreditar ou querer desconstruir a sua legitimidade, ou mais ainda, usar como artifício para urdir outros caminhos, calculou muito mal. O Fórum resistiu a todas as intempéries, e saiu fortalecido no processo de escolha da sua representante ao pleito que elegerá a próxima gestão.
O momento agora é de construir. Construir a Universidade na qual acreditamos. Uma Universidade no meio da Amazônia. Essa especificidade nos impõe um olhar diferenciado quanto aos seus objetivos primeiros. Produzir conhecimentos e saberes para uma realidade diferenciada de um contexto mais global, sem perder de vista o seu caráter universalizante.
Construir a Universidade que seja a aspiração de todos é estar comprometido com o desenvolvimento da sociedade, interferindo nos processos das ações do cotidiano local. Construir a Universidade dos nossos sonhos é não frustrar ou decepcionar os ideais de quem nela confia, e por razões que nos unificam, suportar a dor e os desafios na superação dos males que nos obstam.
Por fim, estamos nessa luta por acreditarmos que uma outra Universidade é possível. Pautada por uma condução ética, envidaremos todos os esforços para elegermos a professora Berenice Tourinho a próxima Reitora da UNIR. Em torno do seu nome, vamos erigir coletivamente os novos pilares da nossa Universidade, ressignificando o papel de uma verdadeira gestão, comprometida com os reais interesses da UNIR.
Interesses que façam da Universidade um espaço de inclusão social. Que lute por condições dignas de trabalho e respeite as instâncias deliberativas. Sedimente a salutar convivência entre os contrários, e busque a consolidação da autonomia universitária, o pleno exercício da democracia e busque incansavelmente o equilíbrio entre as três dimensões que se constituem no suporte de uma Instituição de Ensino Superior: ensino, pesquisa e extensão.
Refletir profundamente e debruçar-se sobre estas questões, ao ponto de torná-las exequível, portanto torná-las real, há de ser a nossa meta. Há de ser a nossa forma de caminhar.
BERENICE TOURINHO PARA REITORA
8 comentários:
Penso que a princípio, as opiniões devem ser respeitas, independente de quem as emita. No entanto, tentar incutir na cabeça das pessoas esta estorinha de ampla discussão é absurda. É sabido que tem sido tão ampla quanto a greve, orquestrada por cerca de meia dúzia de pessoas que usaram deliberadamente a mídia e a boa fé de muitos. Hora de acordar povo !!!!!!! Cuidado com os lobos em pele de cordeiro (sem trocadilho).
e estes docentes da greve que não tem produção alguma (ou que é pífia), principalmente se considerar os longos anos de Universidade vão querer convencer de que é exclusivamente por falta de políticas condizentes voltadas ao ensino, pesquisa e extensão? é óbvio que há muito a se fazer em termos institucionais para incentivar a pesquisa e a extensão mas UM POUQUINHO DE COMPROMETIMENTO E BOA VONTADE AJUDA. Que tal este povo que escreve tão bem quando se fala em "movimento" e coisas do gênero apresentar também suas produções como docentes e pesquisadores? Seria ótimo. Sou do tempo que se educa pelo exemplo
Atacar pessoas é facil...difícil é atacar a ideia delas, principalmente quando estão certos. Apoiado Lobo.
Essa prática de se esconder no anonimato, é própria dos covardes. De quem não tem coragem de assumir publicamente um posicionamento. Coisa de fracos. E não me venham com falsos argumentos de perseguição, revides ou qualquer outra justificativa de pouca consistência. Já não vivemos mais os anos de chumbo. Só precisamos assumir com autenticidade os nossos atos, com todas as circunstâncias eles advindas.Sempre costumo afirmar que a Universidade é o locus privilegiado para a transgressão. Quero dialogar, por mais discordância que tenha, com pessoas identificadas. Assimilo tranquilamente a crítica. Aliás a minha história de vida, sempre foi forjada nos embates, desde os meus tempos ginasianos. Participo ativamente não só da vida acadêmica, mas sempre tive uma inserção proativa nas questões sociais, através dos diversos movimentos e entidades que participei e continuo participando, sempre na luta por construir uma sociedade mais justa. Isso ninguém me tira. Dizer que a nossa greve foi orquestrada por meia dúzia de pessoas, é de uma estupidez tão absurda que não deve nem ser levada em consideração. Quero informar ao anônimo desavisado que teve momentos em que presenciamos, mais de duzentas e cinquenta pessoas no auditório Paulo Freire. Em média, nossas assembléias sempre contou com mais de cem participantes. Temos os registros. Portanto, não quero crer que essas pessoas possam ter sido o tempo todo ludibriadas, por esta meia dúzia. É subestimar por demais a capacidade de inteligência de uma parte significativa da nossa comunidade acadêmica. Pelo visto, penso que existam pessoas concordando com a patifaria e a roubalheira que campeava na UNIR. Uma destruição que vamos levar anos, para superar todas as mazelas de uma gestão que jamais permitiremos que aconteça novamente. Que o digam os atuais auxiliares da equipe de transição o tamanho da sujeira. Não é a meia dúzia que está denunciando. Causa arrepios aos mais céticos. E somos justamente nós que lutamos contra tudo isso os oportunistas e aproveitadores? Tenham dó né? Fico analisando aos que vira e mexe, estão falando de produção. De que produção estamos falando cara pálida? Nutro profundo respeito a todos quantos de alguma forma e ao seu modo, contribuem para o engrandecimento da nossa Instituição. Vamos parar com esse discurso de quem é mais ou menos produtivo. De que produtividade estamos falando? Dos projetos direcionados nos Editais que estão muito mais para complementar salário do que produzir pesquisa que atenda os interesses da Instituição? Ou dos Artigos que de prático sobra muito pouco e dormitam nos escaninhos do esquecimento? Divirja, critique, posicione-se, mas não desqualifique o trabalho dos outros, nem menospreze quem por ventura não atingiu o seu nível de excelência. Contribua para que todos cheguemos lá. De mais a mais, os meus textos foram sempre no sentido de contribuir criticamente no debate. Mesmo quando fui duro nos meus posicionamentos, jamais ataquei pessoas. Sempre me contrapus à má gestão e de posições políticas ao meu ver equivocadas que levaram a UNIR para o buraco que hoje ela se encontra. E sempre assumi a autoria deles e nos meus comentários. O mínimo que espero e
é a identificação do meu interlocutor. Fraternalmente
Universidade: locus previlegiado para transgressão? Reduzir a conduta de professores que fazem pesquisa à complementação de salário? Essas são ideias simplistas e perversas, não?! Acredito na candidatura da profa Berenice, mas não acredito no que está dizenfo o Edilson Lobo neste espaço de discussão...
Os anônimos são tão ridículos que fico pesando como deve a ser a tão propalada produção cientifica, deve parecer com eles!!
Sr. Papagaio, não esqueça que foram os anônimos que deixaram de ir todos os dias durante a greve para as salas de aula os grandes contribuintes da vitória, pq sem a ajuda deles não haveria greve e o discurso de vcs cairia no vazio, pense bem.
Para fazer política é preciso entender um pouco de política e democracia.
A abstenção é uma posição política. Se os que se abstiveram tivessem ido para a sala de aula ou fizessem um movimento reacionário o ex, hoje, não seria ex.
Ou seja, os que se abstiveram, que é cerca de 95% da Unir, foram bem úteis em seu anonimato, durante o movimento.
A possibilidade da candidata do fórum vencer é reduzida com publicação de textos bajuladores de autores superficiais, igualmente como acontecia com o ex-reitor.
A fauna do fórum deveria pelo menos entender que aqui não estamos tratando de um zoológico português e, sim, do zoopolítico da Unir.
Para o ex-reitor cair o instinto animal foi útil. Para eleger o próximo é preciso cividilidade com idoneidade.
Não subestimem os anônimos ou os que se abstiveram, porque também é deles a queda do ex-reitor.
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